Publiquei um game para celular. E agora?
Recentemente, publiquei mais um game na Google Play, porém, desta vez, foi diferente. Comecei a criação há seis meses, mas, alguns dias depois de iniciar, eu parei.
Essa pausa, no entanto, não foi causada por dificuldades no desenvolvimento ou algo relacionado ao projeto. Algumas vezes, eu dizia que não tinha tempo, em outras, estava cansado demais para trabalhar no game.
A verdade é que sempre havia uma desculpa para não seguir com o desenvolvimento. Internamente, achava que a ideia não era boa e que não valia a pena continuar.
No meio desse processo, tive a oportunidade de participar de um edital, onde criaria um jogo com a mesma mecânica que tinha desenvolvido para Pink And Blue Duet. Mas, infelizmente, por apenas 10 pontos, não passamos no edital. Na prática, o que nos fez perder foi o fato de sermos de Belo Horizonte.
Mesmo assim, o edital abriu a possibilidade — e, claro, uma pequena ilusão — de que eu poderia faturar desenvolvendo jogos, algo que é o sonho de muitos desenvolvedores independentes. No entanto, ao perder por 10 pontos, confesso que me desanimei, o que, talvez, tenha contribuído para eu abandonar a criação de Pink And Blue.
Algumas semanas atrás, porém, decidi voltar ao projeto e, na teoria, em três dias finalizei o que faltava. Depois disso, enrolei por mais uma semana para realizar testes e publicar o jogo.
Nesse momento, surgem as inseguranças que muitas vezes nos cercam e das quais não gostamos de falar: o medo da crítica, o medo de que as pessoas digam que o jogo é ruim. A verdade é que, frequentemente, sentimos que somos uma fraude, que não sabemos fazer isso ou aquilo.
Não sei se você já passou por isso, mas é algo que realmente te paralisa e impede de progredir ou de se desafiar a realizar o que deseja.
Mesmo assim, com esses sentimentos e com a ajuda da minha terapeuta, publiquei o jogo. Para minha surpresa, ele foi bem recebido. Não, não tive 1 milhão de downloads e não fiquei rico com isso, mas recebi vários feedbacks positivos, sugestões de melhorias e pessoas realmente jogando meu game. Algumas disseram que o jogo dava raiva, mas era divertido, e até perguntaram quanto eu pagaria se conseguissem passar os 12 níveis.
Nesse momento, me pergunto: e se aquele sentimento de insegurança tivesse me impedido de finalizar o jogo? Eu nunca saberia que a ideia seria divertida. Não teria a sensação de que preciso criar mais fases, implementar novas mecânicas, publicar na Steam ou, quem sabe, até em consoles. Agora, sei os próximos passos, e espero conseguir alcançar cada um deles.
Fica aqui a reflexão: quantas coisas deixamos de fazer por medo de julgamentos, insegurança ou a sensação de que “isso não é pra mim”? Não sei se deixarei de sentir essas coisas no futuro, mas fiquei muito feliz com o resultado. Pela primeira vez, estou comemorando uma conquista que, muitas vezes, eu não considerava uma conquista por ser pequena. Não sei quantas pessoas vão jogar, mas, às que jogaram e me deram feedback, meu muito obrigado por fazerem parte dessa conquista. Agradeço pelas ideias, e podem aguardar, pois teremos novidades em breve.
E, para você que está paralisado pelo medo, um conselho: pode parecer assustador, mas se jogue! Porque uma coisa é certa: se não der certo, pelo menos você vai aprender, e aprendizado ninguém pode tirar de você.